segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Querendo muito, muito perdeu...


"Eu sou insaciável; mal um desejo surge, outro desponta, e em mim há sempre latente a febre do sonho e do desejo, e quando possuo alguma coisa de infinitamente consolador, como é a sua amizade, desejo mais, mais ainda, mais sempre! Conhece-se em mim o afecto, o amor, a ternura por um egoísmo implacável que quer tornar muito meus, e só meus, os corações que se me dedicam um pouco. Dá isto muitas vezes o resultado de me suceder o mesmo que sucedeu ao cão que largou a presa pela sombra, pois querendo muito, muito perdeu. Pareço-me um pouco com esse cão pateta, não acha?"



Florbela Espanca, in "Correspondência (1916)"



Porque andei a ler poemas de Florbela Espanca e chego a conclusão que estas linhas me dizem tantooo...

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